PowerPoint: vivo ou morto

Está na moda em corporações satanizar o PowerPoint: o pobre software é culpado pela falta de preparo e técnica de quem os usa. É como criticar uma tela em branco pelo resultado final da pintura. Já ouvi mais de uma vez que determinada empresa tinha abolido o PowerPoint. Houve até comemoração. “Agora sim, vamos poder trabalhar!” repetia a turma em festa. Passada a euforia, percebiam que não é o sofware que atrapalha, o coitado está aí para ajudar a organizar idéias, mas quem tem que organizar as idéias não é ele…  Outra grande empresa forçou a turma a resumir “qualquer coisa” em apenas 3 slides. Isso gerou slides, que de tão congestionados, pareciam tapetes persas, bem ao estilo de grandes consultorias, com 16 gráficos e tabelas juntos.  Os mais experientes entenderam que estavam sendo convidados a  ser objetivos e fizeram dezenas de slides  de “backup”.Vamos para a vida real. Quando alguém tem que fazer uma apresentação importante, abre o PowerPoint e começa a criar slides com os dados que possui, azucrinando estagiários e a turma que trabalha com informações para gerar “material”. Se fosse um cozinheiro teria pouco sucesso. Não pensa na ordem das coisas, na dosagem das coisas e muito menos no que cada ingrediente provoca no contexto geral.  Vai juntando tudo na panela. Chegando lá pelos 20 slides respira fundo, fica satisfeito com o volume de material “conciso” , faz um slide com introdução burocrática, outro de conclusão e o desastre está feito. De tão concentrado no “que precisa ser feito” cometeu o pecado tolerado em juniores mas mortal para seniores: não se dedicou a entender qual é o contexto da apresentação e as emoções que dominam a platéia.  Mais um filme de terror, drama ou muito chato nasceu. Peço que você considere 3 orientações decisivas e diferenciadoras, pois quase ninguém as usa e quem usa se dá bem: 1) INVISTA MUITO TEMPO NO PRIMEIRO SLIDE Pessoas normais decidem rapidamente e automaticamente o que acham sobre você nos primeiros minutos, há quem diga segundos.[i] O primeiro slide é decisivo na apresentação. Aceite esse achado científico importante! O primeiro slide bem feito jamais “nasce de primeira”, deve ser trabalhado. 2)RECONHEÇA E DIGA DE  INÍCIO  QUE  SABE QUAIS SÃO AS NECESSIDADES DA PLATÉIA Pessoas normais são receptivas a mensagens dadas por quem demonstra reconhecer suas necessidades. Lembre-se de que uma definição de inteligência é:  inteligente é o cara que concorda conosco… 3) RELEMBRE AO FINAL DA CONVERSA ONDE O TEMA ATENDE ÀS NECESSIDADES DA PLATÉIA Pessoas normais prestam atenção e retém o que interessa a elas, mas “viajam durante a apresentação”. Ao final de uma apresentação há um pico de audiência. Além disso há um pico de memória. Nós tendemos a rotular o que sentimos em relação a um evento pelo seu final (veja artigo de 3/Nov) . Não perca esse importante momento com frases do tipo: “era isso o que eu tinha para dizer” ou “acho que isso é tudo”. Diga os benefícios das ações que você propõe. É isso que interessa a quem está na platéia e a você. Não “mate o mensageiro”, o problema não é o PowerPoint…


[i] Nalini Ambadi e Robert Rosenthal: Half a minute: predicting teacher evaluations from thin slices of nonverbal behavior and physical attractiveness. Em tempos bastante curtos, entre 30 e 6 segundos, previsões iniciais de estudantes foram bastante precisas para prever a avaliação que eles teriam de seu alunos ao final de um semestre.

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