Daltonismo emocional: meus amigos técnicos

Sou daltônico[i] e portanto confundo algumas cores entre si. Não vejo o número 2 na figura. Não vejo nada ali. Tenho muitos conhecidos que parecem daltônicos emocionais e não enxergam emoções com nitidez. Eles reconhecem que algumas vezes andam por campos emocionais minados, vendados. Eles sempre repetem uma palavra: cansaço. Algumas pessoas extremamente inteligentes, predominantemente técnicas, sentem um cansaço profundo quando convidadas a observar e considerar as emoções que geram nos outros quando tentam vender seus projetos e necessidades. Cansaço é a palavra adequada pois é como se além de todo o trabalho duro que eles tem que fazer alguém colocasse um desafio extra em suas costas. Eles simplesmente não gostam de construir mais um mapa trabalhoso baseado em algo que não os interessa tanto: emoções. Quando preparam apresentações, normalmente não dedicam atenção a que tipo de emoção cada tela desperta e de vez em quando soltam o pino da granada na sala e se machucam com a explosão que se segue. Quando a temperatura emocional sobe a inteligência cai e muito tempo é perdido. Ninguém fica mais inteligente ou comunicativo quando irado ou aterrorizado. Horas são gastas em dinâmicas de ataque e defesa de forma bastante tóxica para todos os presentes e a radiação emocional dessas reuniões deixa marcas. Muito desgaste para menos resultado. Talvez a turma que é extremamente focada em eficiência técnica pudesse considerar o convite e avaliar também a eficiência emocional de uma reunião. Eu por dever de ofício aprendi que sempre preciso enxergar o entorno emocional que pode dar vida ou morte à uma nova idéia ou projeto. Para aqueles que acham isso muito chato fica o convite para olhar a questão por um ângulo novo: eficiência emocional. Sei que o tema continuará cansativo mas quem sabe mais digno de atenção com um novo propósito: eficiência.

[i] Esse é um dos 32 testes criados pelo Prof. Shinobu Ishihara da Universidade de Tóquio. Quando era criança eu custava a acreditar que alguém via um 2 ali…

No Comments Yet.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *