Apresentações sensíveis: considere as emoções de quem decide

Vi isso acontecer em 16 países. Os apresentadores estão tão concentrados em dar “o seu recado”, vendendo ou se defendendo, que desconsideram as emoções de quem os ouve. De acordo com a neurociência, e minha experiência, isso é trágico. As duas perguntas que fazem toda a diferença antes da apresentação, e que pouquíssima gente faz são:1)   Quais são as necessidades da platéia?  2)   Que tipo de emoção será produzida ao longo da apresentação? É claro que não pretendemos causar êxtase ou lágrimas em reuniões de resultado, vendas  ou orçamento.

Queremos sim evitar emoções que são tóxicas e prejudicam a escuta de quem decide. Raiva, impaciência e tédio não aumentam a compreensão de ninguém.  Em minha experiência é muito comum ver um apresentador dar uma “canelada” na platéia já no primeiro slide por falta de atenção. As pessoas formam impressões rapidamente[i], e  definem as lentes pela qual analisam o outro. Uma vez que classificamos (em pouco tempo) alguém como “legal” ou “esse cara é bom” ouvimos o que ele tem a dizer de forma “torcedora” e respeitosa. No caso contrário, o apresentador já começa perdendo de 5 x 0. Recomendo que você se faça três perguntas potentes para fazer apresentações realmente diferenciadas:

1) Você reflete sobre a ordem de seus argumentos[ii] ? Uma apresentação é uma história, precisa de encadeamento.

2) Você  investe sua energia na preparação do primeiro slide? (esse é fundamental!)

3) Você compreende que o fechamento é tão importante quanto o início?

Dê uma olhada em meu  artigo anterior sobre isso. Preparei presidentes de empresas a fazer suas apresentações, em geral buscando dinheiro para seus projetos.  Eles também perdem potência por nítida falta de atenção sobre  como a mente do ouvinte funciona. Sou forçado a dizer que ao não respeitar a forma de como a mente do ouvinte funciona, seus resultados perderão muita potência pois você estaria sujeito a provocar emoções que vão prejudicar tanto o entendimento de sua mensagem quanto o julgamento sobe você.

Vi muita gente competente ser “carimbada” como “fraca”também por causa de uma apresentação ou primeiro contato infeliz.  Por que deixamos ao acaso e ao improviso esse instante tão decisivo? Essa é uma reflexão que muda a vida de muita gente. Espero que a pergunta tenha te encontrado na hora certa. Boa próxima apresentação, com preparação diferente.


[i] Nalini Ambadi e Robert Rosenthal: Half a minute: predicting teacher evaluations from thin slices of nonverbal behavior and physical attractiveness. Em tempos bastante curtos, entre 30 e 6 segundos, previsões iniciais de estudantes foram bastante precisas para prever a avaliação que eles teriam de seu alunos ao final de um semestre.
[ii] Estudo e pratico o tema há décadas. Se tivesse que recomendar apenas um livro, seria Apresentação Zen, de Garr Reynolds, que me foi apresentado por meu amigo Leonardo Senra há dois anos.

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