
Eu passei a respeitar o funcionamento do cérebro quando planejo minhas férias. Fiquei abismado quando li um estudo[i] onde pacientes submetidos a um exame desagradável (colonoscopia) demonstraram que classificamos experiências como mais ou menos felizes pelo seu final e tendemos a esquecer a experiência em si. É incrível mas as pessoas se consideram mais felizes com exames mais longos (e mais sofridos portanto) desde que seus finais sejam menos dolorosos. Nossa mente, ao classificar uma experiência, valoriza muito o seu final. Sabendo disso, passei a planejar os últimos dias de minhas férias de forma diferente, deixando por exemplo, parques temáticos (tenho 3 filhos) para o final.
Aqui funciona o conceito francês de grand finale. Vá a um restaurante francês e perceba a importância que eles dão à sobremesa… é a única coisa farta da refeição. Encerrar bem uma experiência multiplica as suas chances de que as consideremos”felizes” no futuro. Isso vale para avaliações de resultado. Como bem sabemos, os fatos mais recentes tem enorme peso quando nosso chefe define nossa avaliação. Ele não está sendo necessariamente“um ser injusto”. É apenas humano com uma mente que tem seus ‘bugs”. Sabendo disso, podemos usar esse conhecimento em nosso favor. Na próxima vez que você for entrar em conflito como por exemplo, terminar uma relação com um fornecedor lembre-se que sua mente também é “injusta” e também não leva em conta a história toda. Hoje eu encerrei minha relação com um fornecedor que me deixou insatisfeito recentemente ao não retornar meus telefonemas e e-mails. Antes do contato final eu reli e-mails do começo de nossa relação onde ele claramente me ajudou muito e foi extremamente dedicado. Meu tom emocional que era de irritação passou a ser de gratidão.
O contato final foi equilibrado e construtivo, apesar da relação ter sido modificada. Isso me ajudou a compensar uma tendência mental de esquecer coisas importantes e de praticar a injustiça que não queremos para nós mesmos quando somos avaliados. Terminar bem é tão importante quanto procurar resgatar o que aconteceu durante a experiência. Respeite o modo como nossa mente funciona e tome melhores decisões. Nos próximos artigos vou publicar uma série sobre como apresentar melhor nossas idéias, respeitando a mente do interlocutor. Até breve.
Leave a Reply