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Alguém que é puramente racional, que não é afetado por emoções tomaria melhores decisões? Segundo um grande neurocientista, a resposta é NÃO. O Dr. Spock com suas orelhas pontudas e extrema racionalidade[i] é um símbolo da superioridade da razão absoluta. Em seres humanos, a razão absoluta não funciona bem. O Dr. António Damásio, um dos maiores neurocientistas da atualidade estudou casos raros[ii] em que pessoas mostravam baixíssimo envolvimento emocional em relação a qualquer coisa.
Não demonstravam ser afetados emocionalmente por nada.Curiosamente esse tipo de paciente raro apresentava dificuldade de tomar boas decisões. Sem emoções, temos dificuldade de decidir sobre as coisas. Felizmente, a maior parte da humanidade conta com razão e emoção. Nós temos dois sistemas de decisão: um é automático, sem esforço e veloz. Podemos dizer que as emoções são geradas nesse sistema. O outro sistema, racional, é deliberado e exige esforço. Temos que nos concentrar para colocá-lo em ação. Em nossas decisões esses sistemas se misturam, cooperam. O problema é a dose de cada parte no total. O sistema automático, aquele onde reagimos “tomados pela emoção”, tem preferência e pode inibir nossas habilidades de raciocínio. Podemos então ter decisões equilibradas, combinando nossa razão e nossas emoções ou decidir automaticamente, emocionalmente. Observar nosso estado emocional é fundamental por esse motivo. Se estivermos excessivamente tomados por emoção, perdemos nossa capacidade de avaliar as situações de forma racional. Na prática o estado emocional em que nos encontramos quando avaliamos alguma coisa influencia fortemente nossas decisões, que podem ser muito pobres por causa disso.
Você faz uma avaliação emocional de si mesmo antes de tomar decisões? Fazer isso evita que suas decisões sejam mais automáticas que deveriam. Lembre-se que o sistema automático funciona quer você queira ou não mas o seu peso na decisão pode ser total, caso você não desenvolva o hábito de monitorar suas emoções e pensamentos. Uma maneira clássica de cultivar essa habilidade é meditar com foco na respiração. Observar nossos pensamentos e emoções não é um hábito natural. Lembre que a natureza privilegia respostas rápidas em qualquer ser vivo. Sobrevive mais quem que foge rápido. Estamos falando então de uma habilidade que deve ser cultivada como qualquer outro bom hábito, com técnica e perseverança. Quer ser menos automático e mais equilibrado ? Desenvolva o hábito da autopercepção. Perceba a si próprio. Como? Busque uma das centenas de formas de meditação[iii]. É um ótimo começo.
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