Suas idéias estão em que lugar na fila?

Você busca prioridade. As empresas normais têm uma fila de projetos ou idéias que aguardam sua vez. Todos os dias pessoas lutam para conseguir a atenção para suas necessidades através de apresentações ou relatórios que visam tirar uma boa idéia do papel. Transmitir idéias é mais uma daquelas coisas fundamentais que a educação tradicional não ensina, assim como respirar, observar a si mesmo ou se comunicar de forma inteligente.  Semana passada dei uma palestra em uma interessante empresa de tecnologia da informação. Ela vende serviços muito potentes para grandes bancos e empresas. O ponto de destaque é que seus serviços são complexos, abrangentes e com alto conteúdo técnico. Lá confirmei um fenômeno muito comum: o desafio que pessoas com perfil técnico têm em transformar suas idéias em histórias transmissíveis.

Quanto mais uma pessoa sabe a respeito de algo, mais dificuldade ela tem em transmitir o que sabe?  É por aí mesmo. É um fenômeno conhecido como “a praga do conhecimento[i]”. Uma idéia é potente quando ela pode ser recontada com facilidade. Se você precisa de 1 hora para passar sua idéia a alguém, provavelmente esse alguém, menos preparado que você, não vai conseguir passar sua idéia adiante. Para aqueles que querem evoluir na habilidade de tornar suas idéias transmissíveis, sugiro a leitura de “Idéias que colam” dos irmãos Chip (Stanford)  e Dan Heath (Duke). A arte de resumir uma idéia complexa em uma imagem, uma história curta ou um provérbio exige conhecimento, reflexão e treinamento.  Idéias complexas são como caixas gigantes cheias de espinhos, tem muito conteúdo mas são difíceis de ser carregadas ou passadas para frente. Idéias transmissíveis são como um post-it amarelo. Pegajosas, leves e chamativas.

Quando você quiser que sua idéia possa ser recontada ou vendida por outros, concentre-se em uma versão que possa ser repetida por uma pessoa normal. Não é como você passa a informação, é como outra pessoa vai repassar a sua informação. Um bom treino é pedir a alguém que não seja um expert que ouça e repita o que entendeu de você. Se o que ele entendeu representa bem o valor de sua idéia, ela agora é transmissível. A pergunta final é se quem ouviu vai se dispor a disseminar a idéia.  Comece a prestar atenção às idéias que você retransmite ou “recomenta”. O consultor Seth Godin[ii] frisa que as idéias potentes são aquelas que “valem a pena” comentar de novo”.  Ele insiste, corretamente ao meu ver, que existem grupos de pessoas que são particularmente interessadas em “recomentar” sobre as coisas. Pense em suas idéias ou projetos como algo que precisa ser”recomentado” por pessoas que gostam e são boas em fazer isso.


[i] “Idéias que colam”:  os irmãos Heath descrevem a tese de doutorado de Elizabeth Newton em Stanford onde ela demonstra a dificuldade que temos em explicar algo que conhecemos. Experimente batucar a musica “parabéns para você”e perguntar a alguém qual é o nome da música. Parece fácil, mas 98% das pessoas não vai acertar… Para quem sabe,  é difícil entender qual é a dificuldade dos outros. [ii] Se você tem 17 minutos para investir no tema, recomendo o link http://www.ted.com/talks/seth_godin_on_sliced_bread.html onde Seth fala (legendado)  sobre a necessidade de produzir idéias que sejam transmissíveis e que despertem interesse de transmissores que adoram fazer isso.

No Comments Yet.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *